terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Conhecendo os Peixes




Certa vez Chuang Tzu e um amigo caminhavam à margem de um rio.
"Veja os peixes nadando na corrente," disse Chuang Tzu, "Eles estão realmente felizes..."
"Você não é um peixe," replicou arrogantemente seu amigo, "Então você não pode saber se eles estão felizes."
"Você não é Chuang Tzu," disse Chuang Tzu, "Então como você sabe que eu não sei que os
peixes estão felizes?"


(contos-zen-budistas)

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Ilusória taça



...
Não te mergulhes na ilusória taça
Em que o vinho da carne se avoluma.
A alegria da Terra é cinza e bruma,
Mentirosa visão que brilha e passa
...

João Coutinho


domingo, 17 de julho de 2011

DISCURSO SAGRADO DE HERMES



Glória das coisas é Deus e o divino, e a natureza divina. Princípio dos seres é Deus - e o intelecto, e a natureza, e a matéria, porque ele é a sabedoria para a revelação das coisas. Princípio é o divino e ele é natureza, energia, necessidade, fim, renovação.

Ora, existe uma obscuridade sem fim no abismo e água e um sopro inteligente e sutil, tudo isto existente no caos pela potência divina. Então surge uma luz santa, e se destacando da substância úmida, os elementos se condensam e os deuses separam os seres da natureza germinal.

Com efeito, quando as coisas estavam indefinidas e não formadas, os elementos leves separaram-se dos outros dirigindo-se para o alto e os elementos pesados repousaram sobre a areia úmida; todo o universo foi dividido em partes pela ação do fogo e mantido suspenso de forma a ser veiculado pelo sopro. E viu-se o céu em sete círculos e os deuses apareceram sob forma de astros com todas suas constelações; a natureza do alto foi ajustada segundo suas articulações com os deuses que continha em si. E o círculo envolvente movimenta-se circularmente no ar, veiculado no seu curso circular pelo sopro divino.

E cada deus, pelo seu próprio poder, produziu o que lhe foi designado; assim nasceram os animais quadrúpedes e os que se arrastam, os que vivem na água e aqueles que voam, toda semente germinal e a erva; o tenro oscilar de toda flor possui em si a semente da reprodução. E os deuses produziram as sementes que gerariam os humanos, para conhecer as obras divinas e prestar um testemunho ativo à natureza; para aumentar o número de humanos, para dominar o que existe sob o céu e reconhecer as coisas boas, para crescer e multiplicar-se, e toda alma na carne, pelo curso dos deuses cíclicos semeados, para contemplação do céu e do curso dos deuses celestes e das obras divinas e da atividade da natureza, para o conhecimento da potência divina, para conhecer as entranhas das coisas boas e más e descobrir toda a arte de fabricar coisas boas.

Desde então começou para eles a condução da vida humana e o adquirir da sabedoria segundo a sorte que lhe determina o curso dos deuses cíclicos e de se dissolver naquilo que restará deles, depois de ter deixado na terra grandes monumentos de suas indústrias. Todo nascimento de carne animada ou da semente dos frutos e de toda obra da indústria, tudo que tiver sido diminuído será renovado, pela necessidade e pela renovação dos próprios deuses, pelo curso do círculo da natureza que regula o número.

Pois o divino é a inteira combinação cósmica renovada pela natureza, pois é no divino que a natureza tem seu lugar.


Corpus Hermeticum – Hermes Trismegisto

terça-feira, 28 de junho de 2011

Tao Te Ching - Capítulo 1



O Tao que pode-se discorrer
Não é o eterno Tao.

O Nome que pode ser dito
Não é o eterno Nome.

O não-ser
Nomeia a origem do céu e da terra.

O ser
Nomeia a mãe das dez-mil-coisas.

Por isto:

No não-ser
Contempla-se o deslumbramento.

No ser
Contempla-se sua delimitação.

Ambos, o mesmo com nomes diversos
O mesmo diz-se mistério.

Mistério dos mistérios
Portal de todo deslumbramento.


Lao Tzu

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Viver



"Não devemos nos agarrar tão fortemente a nossos humores e temperamentos. Nosso principal talento é saber nos adaptarmos a situações diversas. Viver ligado e submetido por necessidade a um só modo de ser é existir mas não é viver. As mais belas almas são as que têm mais variedade e flexibilidade."


Montaigne

domingo, 27 de março de 2011

Finito / Infinito




É diametralmente contrário a matemática que algum Finito atinja o Infinito, mas é perfeitamente lógico. dentro da mais rigorosa matemática, que o Infinito atinja o Finito.
Deus pode invadir o homem, suposto que o homem seja invadível.
O homem não pode ser causa, autor dessa invasão divina, mas pode ser condição ou canal dessa invasão. O homem não pode iluminar a sua sala com luz solar, mas pode abrir uma janela para que o sol ilumine.

(Humberto Rohden)

sexta-feira, 25 de março de 2011

Tá Na Hora.



É o conto do sábio Chinês!
Andei durante dez anos fazendo planos para falar
Com seres vindo do espaço com a resposta para me dar
Porém, quando estava pronto para o contato, minha pequena,
Me disse você vai ver tudo no cinema.

E aonde está a vida?
Aonde está a experiência?
Já te entregam tudo pronto,
sempre em nome da ciência,
sempre em troca da vivência
E aonde tá a vida?
E a minha independência?

Depois de muita espera quem eu queria quis me encontrar
Tomei um banho descente, escovei meus dentes para lhe beijar
Guardei lugar no motel pra lua de mel que eu sempre esperei
Porém na hora H eu não levantei.

Tá na hora do trabalho
Tá na hora de ir para casa
Tá na hora da esposa e enquanto eu vou
pra frente toda minha vida atrasa
Eu tenho muita paciência
(ência)
Mas a minha independência
(aonde que tá?)

Durante a vida inteira eu trabalhei pra me aposentar
Paguei seguro de vida para morrer sem me aporrinhar
Depois de tanto esforço patrão me deu caneta de ouro
Dizendo enfia no bolso e vá se virar.

Tá na hora da velhice
Tá na hora de deitar
Tá na hora da cadeira de balanço,
do pijama, do remédio pra tomar
Oh! divina providência
(ência)
E a minha independência

Ah! e minha vida
e minha vida! Onde é que está?
Onde é?


(Raul Seixas)

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

QUASIMODAL



Quero olhar nos olhos da vida e sentir seu hálito cálido.

Essa roupa já não me serve mais.

Encosto os lábios em seu cálice sapiente e ele me queima.

Espero que arrefeça, espero como um cão arquejando.

Sou como a chama que busca as alturas, como a fumaça quente que sobe verticalmente e ao perder seu calor entra em frenesi volatizando-se.

Sou paciente, é o peso que me faz andar curvado. Melhor assim, posso ver onde piso.