sexta-feira, 19 de junho de 2009

KASPAR HOUSER, o FILHO da EUROPA.



Sua história já serviu de enredo para livros, peças de teatros, canções e filmes. É uma história cercada de mistérios.


Dia de Pentecostes, 26 de maio de 1828, na cidade de Nuremberg, dois sapateiros conversam quando vêem aproximar-se uma estranha criatura. Tinha o andar tropeço, vestia-se com roupas grosseiras e dizia apenas duas frases: “Levar pra casa...” e “Eu quero ser um cavaleiro como meu pai...”.


Quando lhe deram um papel e lápis, escreveu em letras grandes KASPAR HOUSER, o nome que seria seu desde então.


Exames médicos comprovaram que se tratava de um ser humano que nunca tinha ficado em pé em toda a vida, completamente sem calos ou deformações de sapatos.


Trazia no bolso uma carta, com diversos erros ortográficos e gramaticais, endereçada “Ao bem-nascido capitão do Quarto Esquadrão do Sexto Regimento da Cavalaria Ligeira em Nuremberg”, que dia o seguinte:


“Estou mandando a você um garoto que implora servir seu rei, este garoto me foi deixado em 7 de outubro de 1812, e eu, um pobre trabalhador diarista, eu mesmo tenho dez filhos, eu tenho o suficiente para fazer, e a mãe do garoto deixou ele somente para ser criado, mas eu não fui capaz de achar sua mãe. (...) Eu criei ele como um cristão e não deixei ele desde 1812 dar um único passo fora da casa assim ninguém sabe o lugar de onde ele foi trazido, e ele mesmo não sabe como se chama minha casa e o lugar ele não conhece também, assim pode perguntar a ele quanto quiser, mas ele não pode te contar, leitura e escrita eu já ensinei a ele e ele pode escrever minha escrita manual como eu escrevo e quando eu perguntei o que ele queria ser, ele disse que queria ser um Schwolische como seu pai era (...). Você só tem que mostrar a ele algo uma vez e ele pode fazer”. (Feuerbach, 1996, p.81).


Todos os que o conheceram ficaram surpresos pela capacidade de aprendizado que o jovem apresentava.


Além da carta, Kaspar trazia em seu bolso um pequeno envelope contendo ouro em pó, um lenço bordado com as iniciais K.H. e uma série de textos religiosos, um dos quais era “A Arte de Recuperar o Tempo Perdido e Anos Mal-Passados”, parecendo referir-se cinicamente à situação.


Sua sensibilidade aos estímulos sensoriais era tão intensa que podia identificar as cores na escuridão mais completa. Seu sentido de visão era tão agudo que, segundo consta, conseguia ler no escuro e ver estrelas durante o dia. Seu olfato era tão aguçado e sua sensibilidade tão extrema que ficou embriagado quando abriram uma garrafa de champagne na sala onde estava.

Sua presença acalmava os animais mais ariscos ou mais ferozes, mais foi perdendo essa característica quando começou a comer carne, coisa que tinha marcada aversão.


Sofreu dois atentados contra sua vida até o golpe fatal em 14 de dezembro de 1833. Em 17 de outubro de 1829, Kaspar foi encontrado com a testa sangrando, resultado de um ferimento com faca, desfechado por um homem encapuzado de preto que apareceu de repente e o golpeou. Em 1831, ele foi ferido na testa outra vez, quando um revolver disparou acidentalmente.

No dia 14 de dezembro de 1833, Kaspar saiu correndo do parque, mortalmente ferido por outra punhalada que atingiu o coração, um pulmão e o fígado, um golpe brutal, de extraordinária violência. A polícia deu uma busca no parque, mas não achou a arma, o mistério aumentou ainda mais, porque os policiais encontraram apenas as pegadas de Kaspar na neve. Ele morreu três dias depois como um verdadeiro mártir, nenhuma queixa, nenhuma palavra amarga poluiu seus últimos instantes.


Suas últimas palavras foram: "Muitos gatos são a morte para o rato” e “Cansado, muito cansado: ainda tenho que fazer uma longa viagem...”.


“...era uma alma repleta de bondade e suavidade infantis... em todo o sentido imaculada e pura como o reflexo da eternidade da alma de um anjo...”. (Feuerbach)


No YOUTUBE você encontra o filme O Enigma de Kaspar Houser (Herzog - 1974), segue a primeira tela de 11.


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